sábado, 25 de abril de 2009

Quem me dera um dia ser teus olhos cor da primavera - Maria Rita

A estrela tatuada nas costas mostra exatamente o que é. De um lado a técnica, a precisão, a sofisticação, do outro sentimento, espontaneidade, poesia. Pai e Mãe, figuras abençoadas com o dom de enfeitiçar ouvidos, frutificaram. Fez-se luz e magia no dia 09 de setembro de 1977: Maria Rita Camargo Mariano veio ao mundo. Eis a estrela que faltava no firmamento.

Filha de Elis Regina e de César Camargo Mariano, irmã de João Marcelo Boscoli e Pedro Mariano, a Menina da Lua, chegou para ficar com a sua voz suave e penetrante. As notas musicais fluem como levadas por uma brisa que num instante podem se formar um furacão. Tem como herança marcante da mãe a exposição (ou melhor seria dizer explosão?) dos sentimentos ao cantar, à flor da pele.

Mesmo vindo de um ambiente totalmente musical, ela ainda assim teve dúvidas quanto à sua predestinação. Fugiu do caminho da música por aversão às críticas e comparações com a sua mãe, sendo que até mesmo seu pai reconhecia o que reluzia em comum nas duas almas iluminadas. No tempo que morou nos Estados Unidos pensou em voltar para o Brasil e fazer uma revista sobre política para adolescentes, mas numa certa manhã se deparou com a certeza intrínseca ao seu respirar de que não adiantaria fugir: ela, então, seria cantora, pois não conseguiria viver sem cantar.

Totalmente voltada à procura por sua própria identidade, Maria Rita volta para o Brasil com um CD demo nas mãos que seria, então, entregue ao seu, já, padrinho Milton Nascimento. O cantor, diante do incontestável, a convida imediatamente para participar de seu álbum "Pietá" e em "Tristesse", "Voa Bicho" e "Vozes ao Vento" comprovando a sua natureza e encantando público e crítica. Entretanto, mesmo lutando para buscar e moldar a sua própria identidade, ela ainda assim é comparada à sua mãe, afinal, a genética é inevitável.

Tanto talento culminou no álbum "Maria Rita" lançando em 2003, gravado entre maio e julho do mesmo ano e produzido por Tom Capone com co-produção de Marco da Costa e da própria cantora. De cara o trabalho foi um sucesso sendo vendido mais de 100.000 cópias em seis dias. Esse resultado não poderia ser diferente diante do primoroso trabalho que fora concebido.

No palco doçura e fel, sorrisos e lágrimas, uma sútil carícia ou um estrondoso tapa na cara, assim é deixar se envolver das músicas às batidas de pé, do chacoalhar de cabelos ao balanço da saia, caras e bocas que não fazem o público se perder, mas sim puxa-o para dentro da melodia e da mensagem.

A Estrela Maria Rita brilha ainda mais, além do seu sucesso deveras merecido, ela sorri afinadíssima não por estar esperando ser vista como uma sucessora, mas diante da manifestação de que realmente a música popular brasileira sempre se manterá viva em cada olho que brilha e coração que se enternece perante a paixão pela boa música. Não se resume a sucesso e reconhecimento, somente, os frutos colhidos pela Menina. Agora a cantora deixa de ser filha para pensar em ser mãe. Maria Rita está grávida. Santa dinastia... Que seja bem vinda a nova princesa, enriquecendo o reinado que se prenuncia glorioso desta recém mamãe, mas eternamente Cantora (com "C" maiúsculo).

OBS: Ainda da sessão resgates do passado, eis mais um texto criado para o site Revisita MPB, do nosso amigo Amadeu, que eu e minha digníssima esposa Rúbia Padilha, escrevemos nos idos de 2003. Canções para se deliciar: Não Vale A Pena, Encontros e Despedidas, Pagu, Conta Outra e Casa de Noca.

Um comentário:

  1. Isso aí cara valente, fica acordado de madrugada na internet mesmo... Eu lembro desse texto, li na época, acho que no ambososdois, ótimo!

    abs!

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