quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Nove - Ana Carolina

Ana Carolina é sem dúvida uma diva da música brasileira. Uma cantora excelente com um timbre marcante e um potencial vocal impressionante. Precisa em cada nota ela vem cantando a sua carreira, hoje totalmente consolidada e com muito mérito. Ela cantando musica de ninar, ou de ciranda já deixa a gente estupefeto, de queixo caído. Ela é incontestavelmente, absurdamente ótima.

Eu não faço coro junto com os que criticam suas composições. Não mesmo. Vejo essas críticas mais como consequência do sucesso, do que qualquer outra coisa. E no fim das contas é bom. Em geral a unanimidade é burra. É sempre muito saudável ter alguém que não goste, que critique. Particularmente falando, eu gosto muito das suas composições, seja das letras ou das músicas em si. Claro, também sem unanimidade e umas gosto mais que outras, mas no geral me agrada muito ouví-la também pelas composições. Sempre destaco uma música do álbum Dois Quartos, quando é esse o tema - segue a música abaixo. Acho perfeito o casamento da letra e da música e as imagens que a letra induz a você criar quando ouve a canção. É aquele tipo de música que eu gostaria de ter feito.

CARVÃO
(Ana Carolina)

Surgiu como um clarão
Um raio me cortando a escuridão
E veio me puxando pela mão
Por onde não imaginei seguir
Me fez sentir tão bem, como ninguém
E eu fui me enganando sem sentir
E fui abrindo portas sem sair
Sonhando às cegas, sem dormir
Não sei quem é você

O amor em seu carvão
Foi me queimando em brasa no colchão
E me partiu em tantas pelo chão
Me colocou diante de um leão
O amor me consumiu, depois sumiu
E eu até perguntei, mas ninguém viu
E fui fechando o rosto sem sentir
E mesmo atenta, sem me distrair
Não sei quem é você
No espelho da ilusão
Se retocou pra outra traição
Tentou abrir as flores do perdão
Mas bati minha raiva no portão
E não mais me procure sem razão
Me deixe aqui e solta a minha mão
E fui fechando o tempo, sem chover
Fui fechando os meus olhos, pra esquecer
Quem é você?


Estou aqui na verdade é para falar sobre o mais recente trabalho dela. Nove. Nove canções que bem poderiam fazer parte do trabalho anterior. Possuindo o padrão Ana Carolina de qualidade. Esse trabalho contou com 3 produtores e várias outras participações, incluindo o norte-americano John Legend na música Entreolhares (The way you’re looking at me) e a italiana Chiara Civello que compôs com ela Resta. Esta música eu ouvi fresquinha, num show em São Paulo há pouco mais de 1 anos atrás, quando a própria Chiara cantou com ela. Ambas músicas super pops mas sem nenhuma depreciação de qualidade. Aliás o álbum todo é muito consistente nesse quesito. Outros destaques seriam outras duas canções que fogem um pouco da linha pop, que seriam a intensa Era e Torpedo, que possui letra de Gilberto Gil.

A única coisa que o trabalho fica a dever é na duração. As nove canções ocupam menos de 40 minutos deixando a gente com gostinho de quero mais, mas fazer o quê, né? O jeito é torcer para a moça não se demorar a lançar novos trabalhos.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Benditos novos modismos

Na verdade a minha idéia inicial foi falar, quase a esmo, sobre o Sertanejo Universitário. No entanto o que todos presenciamos é mais uma onda musical, que na verdade não demonstra nenhum comportamento inédito de artistas, mercado e público, mas sim a na massificação do "modismo". A diferença está justamente aí, na massificação, que não há.

Há muito que não se ouve somente uma coisa no país e duvido que volte. A onda hoje em dia é o Sertanejo Universitário, assim como também são os emos que não gostam de ser chamados de emo, e existem muito mais coisas acontecendo, permitindo a escolha. Dentro dos movimentos continua o mesmo. Investimentos (incluindo ou não o jabá), oportunismos, e destaques para alguns artistas que devem permanecer, enquanto outros verão passar seus 15 minutos de fama sem ter muito o que fazer. E dentre os que ficam podemos identiicar alguns talentos verdadeiramente valiosos.

Na verdade, os modismos atuais tendem a pegar algo e encher de elementos pop, que é exatamente o caso da nova vertente do sertanejo. Mantém-se a fórmula de se ter uma dúpla, alguns clichês nos arranjos, mas muitas músicas, dos principais artistas na mídia, são músicas que quase não se identifica o sertanejo. Ìcone do estilo e exemplo perfeito do que estou dizendo é a dupla Victor e Leo. Esta é sem dúvida a dupla mais consagrada do estilo, a mais reconhecida artisticamente falando, por comporem, tocarem e cantarem de verdade e, pelo pouco que pude ouvir, com as melhores músicas.

Quando ouvi Tem Que Ser Você pela primeira vez, nem tinha ouvido nenhuma música da dupla que eu soubesse que era deles. Esta então, não poderia nem sonhar. Ela é muito diferente de tudo que já tinha ouvido do sertanejo, pois é uma música pop, em todas as suas características.

Fora os oportunistas de plantão, que existem e não são poucos, na música, se tratando de música e não de verdinhas, tudo é válido.

Falando de modismos, oportunismos e a fins, como ilustração, posto esta canção que vm bem a calhar:

PRÉ-PÓS-TUDO-BOSSA-BAND
Lenine - Zélia Duncan

Todo mundo quer ser bacana
Álbuns, fotos, dicas pro fim de semana
Filmes, sebos, modas, cabelos
Cabeça-feita, receitas perfeitas
Descobertas geniais
Todo mundo acha que é novo
Tribos, gírias, grifes, adornos
Ritmos exóticos, viagens experimentais
Pré-pós-tudo-bossa-band
Mente que sempre muito bem
Pré-pós-tudo-bossa-band
Gosto que me enrosco em quem?
Pré-pós-tudo-bossa-band
Não sei, mas tô dizendo amém

Todo mundo quer ser da hora
Tem nego sambando com o ego de fora
Caras, bocas, marcas estilos
O ó do bobó, o rei da cocada
A pedra fundamental
Todo mundo quer ser de novo o novo
O ovo de pé, o estouro
Ícones atlânticos
O dono da voz crucial

Pré-pós-tudo-bossa-band
Não ví, mas sinto que já vem
Pré-pós-tudo-bossa-band
Moderno, eu não te enxergo bem
Pré-pós-tudo-bossa-band
Tá cego, mas tá guiando alguém


MÚSICOS

ARRANJO: Christiaan Oyens e Celso Fonseca
VOZ: Zélia Duncan
SAX BARÍTONO E FLAUTAS: Léo Gandelman
ARRANJO DE SOPROS: Léo Gandelman
GUITARRA: Celso Fonseca
TECLADO HAMMOND: Humberto Barros
BAIXO: Marcelo Mariano
PERCUSSÃO: Parede
ZABUMBA E TRIÂNGULO: C. A.
REPIQUE E TRIÂNGULO: Celso
CALOTAS E TRIÂNGULO: Sidon